Amor que aprisiona


Algumas pessoas, se pudessem, manteriam o namorado em uma gaiola. O que elas não sabem é que ciúme aumenta a chance de de infidelidade.

Um dos maiores prazeres do casal Fabiana Uckus, 18 anos, e Rafael Okazaki, 22, já foi ao mesmo tempo um dos seus maiores estresses. Os dois amam frequantar micaretas, mas no ano passado costumavam brigar muito nesses eventos, que eram sinônimo de farra e tembém de desconfiança. fabiana e Rafael são, os dois, assumidamente possesivos. Aprenderam a lidar com essa característica ao londo dos quase dois anos de convivência, mas enfrentam, vira e mexe, explosões de ciúme. Ainda bem que o problema é de ambos - assim a estudante de publicidade e o advogado têm mais chances de compreender um ao outro.
De outra maneira, estariam em risco. Segundo um estudo realizado no ano passado pelo instituto de psicologia da universidade de São Paulo (USP), a traição surge com mais frequência justamente entre os casais em que um dos parceiros é ciúmento. "A vítima se sente cobrada, sufocada, asfixiada e isso a induz a ser infiel.", diz o autor da pesquisa, o psicólogo Thiago de Almeida.
Vítima? A expressão deixa de soar exagerada para quem se depara com o caso do engenheiro Paulo Cabrera, 27 anos. Certa vez ele quiz fazer uma surpresa para a namorada, a relações-públicas Fernanda Cipra, 26, esperando por ela na saida da academia. Levou a maior bronca. "A Fernanda falou: 'Não era pra você aparecer aqui, tem muita mulher'", conta ele, que vive prestes a ser engaiolado.
"Quando saímos eu digo que vou ao banheiro, ela quer ir junto." A apaixonada reclama de tudo: do tempo que Paulo não dedica a ela, das atividades das quais não participa, dos amigos dele. Depois de brigas e mais brigas, Fernanda resolveu tomar jeito para garantir o futuro do relacionamento de um ano e sete meses. Está tentando controlar sua impulsividade que, claro, lhe causa grande sofrimento. "Minha vida era o meu namorado e isso não é saudável. Hoje já consigo dar mais tempo a ele e a mim mesma. Saio mais com as minhas amigas, tento ter vida própia", diz.
Uma pessoa é mais ou menos devido a uma combinação de fatores, entre eles a predisposição genética, que reside na maior ou menos produção de neuro-hormônios chamados catecolaminas, e aspectos psíquicos com a criação que recebemos ou traumas do passado. Segundo o psiquiatra e psicanalista Eduardo Ferreira-Santos, professor de psicologia clínica da PUC-SP e autor do livro Ciúme, o medo da pedra (editora Claridade), a menor produção de catecolaminas faz com que algumas pessoas tenham personalidades mais frágeis e, por isso, sejam mais propensas aos tormentos do coração e da alma.
Enquanto a ciência não encontra um antídoto para o ciúme, o jeito é aprender a se controlar. Para Ferreira-Santos, o problema pode ser resolvido se o ciúmento se dispuser a buscar (e combater) suas causas, seja com terapia ou mesmo sozinho. Acorda mulher! Baixa auto-estima e insegurança são características que desencadeiam o ciúme. Para começar a enfrenta-lo, é preciso assumir-se. Muita gente desconfia do amado, se tortura, mas não assume nem pra si "Sim, sou ciúmento".
É claro que, em doses pequenas, o ciúme é normal. Afinla, ele está relacionado ao receio de perder algo que nos é importante. No dicionário o termo "zelo" aparece como sinônimo para esse sentimento que, descontrolado, vira um gerador de conflitos. Ferreira-Santos prefere diferenciar bem essas duas palavras. A confusão entre elas colabora para que o desejo de pose seja considerado, muitas vezes, uma virtude. O casal fabiana e Rafael, por exemplo, se orgulham de desfilar por aí com adereços que sinalizam que ambos têm donos. Além de alianças de compromisso, usam cada qual um correntinha com as iniciais do outro."O zelo é um sentimento autruísta, voltado para o bem estar do parceiro", diz Ferreira-Santos. "Já o ciúme é egoista, focado em quem o sente, no medo que consome essa pessoa." Ou seja, antes de ser um drama conjugal. esse é um problema individual, que precisa ser resolvido por que o tem. A salvação não está no outro, mas dentro do ciúmento. Lembrar-se disso no momento em que um terremoto do gênero se aproxima pode ajudar no autocontrole. Mas se a superação for mesmo difícil, a saída é tentar encontrar um amor que seja parceiro também na neura, como fizeram Rafael e Fabiana. No caso deles comprovou-se que mais com mais dá mesmo menos. É junto que eles estão aprendendo a se controlar.

Leia mais sobre o assunto em: 5 dicas para acabar de vez com o ciúmes. e Mais motivos para você deixar de ser ciumenta.

Teste: Você é ciúmenta?

Fonte: Revista Gloss - Edição nº 06 março de 2008

Lay Zwetch

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